terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Deixa eu te dizer...

“…deixa eu te dizer, antes que o ônibus parta, que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado…”

domingo, 26 de dezembro de 2010

Vontade

“Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.”

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Nada de nada


Tá vendo a foto acima? Acabo de descobrir que Bento Ribeiro, cujo ser eu admiro (pago maior pau) é filho de João Ubaldo Ribeiro, escritor preferido da minha humilde pessoa.

sábado, 7 de agosto de 2010

E mais...


"Então o Bob Graves e eu temos sérias dúvidas sobre essa questão de a mulher ter sido sempre dominada. O contrário, na verdade, é que parece que aconteceu. Mas isso não vem ao caso, não se pode querer ver a afirmação da mulher como uma vingança, agora vamos descontar e assim por diante, essa barbárie insuportável. Então, porque supostamente os homens nos oprimiram ao longo da História, agora é a nossa vez de oprimir os homens, para eles verem o que é bom. Não concebo estupidez maior, substituir uma merda por outra, preservando a baixaria humana. Em segundo lugar, você pode até alegar que isso forçou as mulheres a desenvolver aptidões pouco louváveis, como dissimulação, chantagem emocional e sedução com golpes baixos, mas a verdade é que as mulheres sempre tiveram um poder desmesurado sobre os homens, e muitos de bom grado prefeririam o inferno e todos os seus diabões a passar de novo pelo que lhes fez passar alguma mulher. O próprio machismo se voltou contra os machões, tornou o homem prisioneiro dele mesmo, obrigado a não chorar, não broxar, não afrouxar, não pedir penico. Aquilo que, numa primeira visão, oprimia somente as mulheres oprimia mais os homens, que até hoje vivem cercados por um cortejo de mulheres fantasmagóricas, reais e imaginárias, sempre prontas a esquartejá-los, se o pegarem fora desses padrões. E não adianta psicanálise, nem ficar arrotando liberações. Eles têm medo, eme-é-dê-ó, cagam-se de medo. Medo, teu nome é macho, não disse o Bardo, mas digo eu. Quanta mulher não comeu o homem que quis, apenas porque ele não podia recusar uma mulher?"


Trecho que eu adoro do livro (que também adoro) 'A Casa dos Budas Ditosos' de João Ubaldo Ribeiro.
E o que tem a ver a foto da Fernanda Torres? Ela já esteve na pele da velha senhora que choca qualquer um. Vale a pena ler, preferencialmente as mulheres.


Um beijo, Letícia.

sábado, 31 de julho de 2010

E a bagunça dela?


-Sabe a garota do copo d'agua?
-O que tem ela?
-Talvez só esteja pensando em alguém...
-Em quem? alguém do quadro?
-Não... alguém que encontrou outro dia na rua, e sentiu que eram parecidos.
-Hum... em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente do que criar laços com os que estão presentes...
-Talvez ela só queira arrumar a bagunça da vida dos outros.
-Mas e ela? E a bagunça da vida dela? Quem vai por ordem?

(O Fabuloso Destino de Amelie Poulain)

SEBASTIAN'S VOODOO



terça-feira, 27 de julho de 2010

Outra visão...

Cabeça de mulher é coisa do capeta. Estamos sempre entrando em atrito entre razão e emoção. Somos feitas assim, somos puros sentimentos, puros sentidos e instintos. Agimos no impulso mesmo, depois nos arrependemos, ou se não agimos, nos arrependemos no fim por não termos feito nada, enfim, vivemos numa eterna briga psicológica. Mas não é sobre isso que quero escrever.
Eu quero deixar registrado o que sempre pensei sobre a tristeza e todas as consequências dessa palavrinha. Eu não vejo mal algum em estar triste.
Quando você está muito feliz, não encherga o mundo ao seu redor, fecha os olhos ao que acontece, não ve a tristeza, nem os problemas, pois o seu sentimento está ali, restritamente na felicidade, e só, você não se conhece muito.
Agora quando está triste fia, sai de baixo, faz coisas que não faria estando feliz, você se testa, testa seus limites, testa os sentimentos, sente ódio, amor, tristeza, tudo junto. Isso te faz se conhecer melhor, é ruim, mas é momentâneo, futuramente perceberá o quanto forte foi ou o quanto boba foi. Tenho a impressão que os sentimentos ruins nos tras a evolução, a coragem, a força pra seguir em frente, a vontade de mudança. Nos coloca a flor da pele, instiga, nos testa, nos muda, evolui. A tristeza aflora muitos sentimentos que não conheceriamos estando simplismente felizes. Já a felicidade nos da uma visão muito simples e banal da vida.
Enfim, sou grata por ter passado por coisas ruins nesses meus vinte aninhos de idade, me considero uma pessoa muito mais forte e segura de mim hoje em dia.
E creio que a felicidade é bem mais gratificante quando gerada a partir da tristeza.
Bom, é isso.


Um beijo, Letícia.